Cora Coralina - Doceira e Poeta

Tem gente nova aqui sim! Tem sim senhora!!!

Olá Meninas, Tudo bem?

A Partir de hoje aqui no Meninas de Pantufa, teremos a participação de uma mulher especial no mundo da Gastronomia Natural, apresento a vocês a Jornalista e Personal chef: Rachel Lopes.. Viva!! rs.. (Tem fotinho da Rachel lopes no final da postagem).
Aqui no Meninas de Pantufa, ela trará temas de Cultura Gastronômica, e hoje ela começa falando um pouco da Cora Coralina, que não era só doces e poesia...
Bom, vou parar de falar (escrever kkkk) e deixar que vocês apreciem este texto especial preparado com muito carinho a vocês.

Beijokas, e uma boa leitura!

Cora Coralina - Doceira e Poeta

Apaixonada pela poesia de Cora Coralina, me surpreendi quando encontrei no setor de gastronomia de uma livraria um livro da poetisa dedicado aos doces. "Cora Coralina - Doceira e Poeta" foi planejado como uma homenagem à poeta que também era doceira.

O livro é uma tentativa dos autores de colocar ao alcance de todos um pouco da trajetória de Cora, além de revelar seu gosto gastronômico. "Tentamos colocar ao alcance do leitor uma fresta para espiar o mundo de Cora Coralina: a batalha com os recursos escassos, o olhar revelador para as pequenas coisas, a capacidade de transformar quase tudo em prazer para o paladar, para os olhos, para a alma", dizem os autores no livro.

A relação da poetisa é com a cozinha do estado de Goiás porque apesar de Cora Coralina ter vivido por mais de quarenta anos em São Paulo, há uma relação profunda entre as receitas dela e a cidade de Villa Via de Goyaz - agora apenas Goiás.

"Algumas pessoas se surpreendem como uma mulher que escrevia versos tão bons e contos de rara sensibilidade também podia fazer doces de tanta qualidade. Mas não havia contradição nas ocupações da goiana Cora Coralina. A autora de Vintém de cobre e meias confissões de Aninha (1983), que Carlos Drummond de Andrade chamou de "moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado", também irradiava lirismo puro e saboroso pela doçaria", dizem os autores. E são muitas as obras de arte gastronômicas encontradas nesse precioso caderno de receitas: bolo de rolo, cocada de fita, bolo de amarula, laranjada, bolachinhas Zé Pereira... Todas marcadas com um gosto de passado, de memórias e sentimentos. Retrato de um trabalho de arte, que se complementa o tempo inteiro. A arte se mistura: o prazer de comer em tom lírico - e de viver memórias antigas no gestual, no colocado à mesa, no preparo com carinho - e a arte de escrever com tempero.

Sobre Cora Coralina (informações retiradas do livro):

"Ana Lins dos Guimarães Peixoto é o nome de batismo da menina frágil, órfã de pai aos dois meses. Cresceu devagar e pouco, na grande casa da família em Villa Boa de Goyaz, então capital do estado. Achava-se feia, mas sua inteligência e espírito forte não passavam despercebidos. Produziu seus primeiros escritors aos catorze anos, publicados porteriormente em jornais locais.
A paixão a afastou de sua cidade e de sua família por 45 anos. Mas durante todo esse tempo não parou de escrever. Publicou crônicas nos jornais das cidades onde viveu e criou seus quatro filhos. Liderou campanhas, uma mulher de ação.

Quando voltou a Goiás, viúva, tornou-se doceira.

Aos 75 anos publicou seu primeiro livro, uma descoberta para gente que sabia do assunto, como Carlos Drummond de Andrade. Mas esse gosto de fonte clara de poesia permanece.

Cora Coralina não era só doces e poesia, ela colocava seu olhar observador sobre o mundo. Seu neto Mário Garcia Brêtas, filho de Cantídio Brêtas Filho, nos conta que ela dizia : "Toda boa doceira suja apenas dois dedos: o indicador e o polegar. Mulher que lambreca toda a mão não é uma boa doceira".

E escreveu: "Rever, escrever e assinar os autos do passado antes que o tempo passe tudo ao raso".



Rachel Lopes é jornalista e apreciadora da gastronomina natural. Fez diversos cursos sobre culinária no Senac do Rio de Janeiro e atualmente trabalha como personal chef. Escreve para o site RJNET, onde mantém uma coluna sobre alimentação, saúde e beleza e também para o site PERSONARE sobre gastronomia, bem-estar e prazer. Recentemente, criou o site Quitutes.com. Acredita que é preciso inovar através da arte, seja ela manual, escrita ou cozinhada. Nada melhor do que unir tecnologia, paixão pelo trabalho e gastronomia!

Site: www.quitutes.com

Twitter: www.twitter.com/quitutes






Fonte: Cora Coralina - Doceira e Poeta. São Paulo, 2009. Editora Global.